Geneconomia, por Matheus Albergaria de Magalhães

Há pouco tempo, tomei conhecimento de uma nova área de estudo em Economia, relacionada a temas de Genética. À primeira vista, me perguntei qual seria a importância da área para os economistas da atualidade e, por conta disso, resolvi ler um artigo resumindo alguns dos principais resultados relacionados.

Devo admitir que fiquei positivamente impressionado com as perspectivas apresentadas no artigo.

Pesquisadores envolvidos na área vêm empregando o termo “Geneconomia” para descrever a utilização de dados genéticos na análise de temas socioeconômicos. Vale à pena citar algumas questões que poderiam ser respondidas por estudos deste tipo. Por exemplo, quais são os fatores determinantes do grau educacional e dos salários recebidos por distintos indivíduos? Por que, em alguns casos, irmãos oriundos dos mesmos pais e criados no mesmo ambiente, tendem a apresentar consideráveis diferenças em termos de carreiras profissionais?

A adoção pode afetar as escolhas de um indivíduo jovem em termos educacionais e profissionais? Fatores genéticos podem gerar comportamentos criminosos? Em suma, qual é o papel que a variação genética humana pode desempenhar em situações socioeconômicas?Apesar de interessantes, as questões acima estão apenas começando a ser analisadas pelos economistas trabalhando na área.

De fato, um problema relacionado à utilização de dados genéticos em análises socioeconômicas corresponde à falta de robustez dos resultados obtidos na maior parte dos estudos realizados. Ou seja, no caso de um estudo que obtenha um resultado apontando para a possível existência de uma associação entre a genética de um indivíduo e suas escolhas profissionais, nem sempre é possível replicar este resultado quando da utilização de um conjunto de dados e/ou método estatístico distinto.

Ainda assim, estes resultados chamam atenção pela possibilidade dos economistas utilizarem novas fontes de informação para descrever comportamentos específicos. Adicionalmente, alguns dos resultados reportados na literatura especializada podem ser úteis para a formulação e implementação de políticas públicas de saúde voltadas à detecção e prevenção de sintomas associados a comportamentos específicos.Segundo alguns dos autores envolvidos nestas pesquisas, a disponibilidade de dados genéticos tem duas principais implicações: primeiro, complementar análises baseadas em métodos tradicionais; segundo, auxiliar na compreensão de diferenças de comportamento e resultados socioeconômicos.

A princípio, seria interessante imaginarmos a possibilidade de, no futuro, os economistas compreenderem um pouco mais a respeito de comportamentos específicos – como aqueles relacionados a atitudes altruístas, cooperativas ou criminosas, por exemplo – a partir de informações genéticas.

Matheus Albergaria de Magalhães é economista e professor universitário.

E-mail: matheus.albergaria.magalhaes@gmail.com
Website: https://sites.google.com/site/malbergariademagalhaes

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